Vi o Ceará por Raimundo Soares Filho

domingo, 29 de agosto de 2010

O medo de Serra


Quando visitou o Cariri no início Serra recebeu um abraço de Roberto Jacu que o levantou. O medo de Serra ficou registrado na foto acima, naquele dia o medo de Serra de cair era grande, sendo consolidado nas últimas pesquisas.

O Prefeito Samuel Araripe e o Senador Tasso Jereissati riram do medo de Serra.

Confira novamente o medo de Serra no Cariri do meu Ceará:

sábado, 28 de agosto de 2010

Dilma abre 24 pontos à frente de Serra, mostra Ibope

Após dez dias de exposição dos candidatos à Presidência no horário eleitoral, a petista Dilma Rousseff abriu 24 pontos de vantagem sobre o tucano José Serra. Se a eleição fosse hoje, ela venceria no primeiro turno, com 59% dos votos válidos.

Segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, divulgada na noite de ontem, a candidata do PT chegou a 51% das intenções de voto, um crescimento de oito pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior do mesmo instituto, feito às vésperas do início da propaganda eleitoral.

Desde então, Serra passou de 32% para 27%. Marina Silva, do PV, oscilou de 8% para 7%. Somados, os adversários da petista têm 35 pontos, 16 a menos do que ela.

O desempenho de Dilma já se equipara à de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2006. Na época, no primeiro turno, o então candidato do PT teve 59% dos votos válidos como teto nas pesquisas.

São Paulo

Dilma ultrapassou Serra em São Paulo (42% a 35%) e tem o dobro de votos do adversário (51% a 25%) em Minas Gerais - respectivamente primeiro e segundo maiores colégios eleitorais do País.

No Rio de Janeiro, terceiro Estado com a maior concentração de eleitores, a candidata do PT abriu nada menos do que 41 pontos de vantagem em relação ao tucano (57% a 16%).

Regiões

Na divisão do eleitorado por regiões, Dilma registra a liderança mais folgada no Nordeste, onde tem mais que o triplo de votos do rival (66% a 20%%). No Sudeste, ela vence por 44% a 30%, e no Norte/Centro-Oeste, por 56% a 24%.

A Região Sul é a única em que há empate técnico: Dilma tem 40% e Serra, 35%. A margem de erro específica para a amostra de eleitores dessa região chega a cinco pontos porcentuais. Mas também entre os sulistas se verifica a tendência de crescimento da petista: ela subiu cinco pontos porcentuais na região, e o tucano caiu nove.

Renda

A segmentação do eleitorado por renda mostra que a candidata do PT tem melhor desempenho entre os mais pobres. Dos que têm renda familiar de até um salário mínimo, 58% manifestam a intenção de votar nela, e 22% em Serra.

Na faixa de renda logo acima - de um a dois salários mínimos -, o placar é de 53% a 26%. Há um empate entre a petista (39%) e o tucano (38%) no eleitorado com renda superior a cinco salários.

Também há empate técnico entre ambos no segmento da população que cursou o ensino superior. Nas demais faixas de escolaridade, Dilma vence com 25 a 28 pontos de vantagem.

A pesquisa foi registrada no TSE com número 26.139/2010 e ouviu 2.506 pessoas. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Pimentel vai apostar na "marca PT"

Começou com um mal estar político. Depois, vieram as primeiras rusgas. Agora, surge uma estratégia capaz de estremecer a dobradinha que tenta eleger no Ceará dois senadores da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a priorização, por parte do PT, do nome do candidato do partido, José Pimentel.

De acordo com fontes petistas, a tática é a seguinte: nos próximos dias será despejado na campanha ao Senado no Estado farto material produzido exclusivamente com Pimentel. O vermelho e a estrela, principais símbolos do partido, serão bastante explorados. E dizeres na linha “o senador do Lula e do PT” aparecerão, em destaque, junto à foto de Pimentel.

“Qualquer um pode dizer que é o senador do Lula. Eu quero ver dizer que é senador do PT”, provoca a fonte, numa referência indireta ao peemedebista Eunício Oliveira. “Vamos avermelhar a campanha”, completa, acreditando que a grife PT fará a diferença.
Em 2010, serão eleitos dois senadores pelo Ceará. Pesquisas de intenção de voto colocam o senador Tasso Jereissati (PSDB) liderando a disputa, com Eunício e Pimentel disputando entre si a segunda vaga.

Segundo O POVO apurou, a produção do material já estaria em curso, com previsão de sair de uma gráfica em Fortaleza dentro de quatro ou cinco dias.
Fruto de um grande arco de aliança que pretende reeleger o governador Cid Gomes, a dobradinha Pimentel e Eunício usa o verde, amarelo e branco como cores padrão. “Aquela novelinha de todo mundo ser igual vai acabar”, antecipa outro petista.

O estopim para a campanha de Pimentel ser diferenciada da de Eunício teria sido a festa política feita em Iguatu, no último final de semana, onde peemedebistas pediram voto para Eunício e Tasso. Conforme O POVO vem mostrando desde então, é cada vez menos raro caso de prefeitos desobedecendo a dobradinha PT-PMDB.

A iniciativa petista, porém, não significa “lavar as mãos” para a dobradinha Eunício-Pimentel, como chegou a dizer uma fonte do PT, diante do episódio de Iguatu. Apesar do constrangimento, Eunício deverá continuar sendo o segundo nome para o Senado no PT.

A assessoria de Pimentel confirma a confecção do material, que seria “uma demanda da própria militância do PT”. “É um processo natural, você vai fazendo ajustes. Não há rompimento nenhum”, justifica.

EMAIS

Diante das ameaças de ruptura, as cúpulas do PT e PMDB têm reforçado a quantidade de prefeitos que apoiam a dobradinha entre Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT) ao Senado. A assessoria de Eunício fala em 120 gestores municipais que apoiam os dois. O Ceará tem 184 municípios.

O deputado estadual Domingos Filho (PMDB), candidato a vice-governador de Cid Gomes (PSB), afirma que, de 14 prefeitos do PMDB ligadas a ele, 12 defendem a dobradinha. Apenas os de Icó e Aquiraz estariam apoiando Eunício e Tasso.

A cúpula petista ainda garante que as 15 prefeituras do PT votam na dobradinha. O POVO apurou que o prefeito de Acaraú, do PT, não deverá votar em Eunício, pelas desavenças que tem com o PMDB municipal.

Com informações do Jornal O Povo

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Datafolha sobre Ceará será divulgado nesta 6ª feira no Jornal O POVO

“A nova rodada da pesquisa O POVO/Datafolha já está no forno. O resultado, bem quentinho, pode ser conferido hoje à noite, a partir das 21h20min, na TV O POVO, que vai divulgar o resultado da pesquisa para presidente da República, no Ceará. As entrevistas – coletadas entre terça-feira e ontem – já retratam a nova realidade, pós-horário eleitoral gratuito e pós-debate do Grupo de Comunicação O POVO.

Já o resultado completo da disputa eleitoral para o Governo do Estado será divulgado amanhã nas páginas do O POVO. No último levantamento do Instituto, divulgado em 21 de julho, Cid Gomes (PSB) registrava 47% das intenções de voto, seguido por Lúcio Alcântara (PR), com 26%, e Marcos Cals (PSDB), com 7%.”

(da Coluna Vertical, do O POVO)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Josias de Souza: Declínio de Serra leva a oposição a priorizar o Senado

Esboçada em todas as pesquisas de opinião, a perspectiva de vitória de Dilma Rousseff deslocou o foco da oposição.

As cúpulas do PSDB e do DEM decidiram voltar suas atenções para a disputa travada nos Estados pelas cadeiras do Senado.

A iniciativa da articulação partiu de Fernando Henrique Cardoso. Ele deflagrou o movimento na semana passada.

Sem alarde, FHC dividiu suas apreensões com Jorge Bornhausen, presidente de honra do DEM; e Sérgio Guerra, presidente do PSDB.

Acha que, confirmando-se o triunfo de Dilma, não restará à oposição senão erguer no Legislativo barricadas contra a “dominação” petista.

Dá-se de barato que a maioria governista na Câmara, acachapante sob Lula, tende a ser ainda maior numa eventual gestão Dilma.

E tenta-se reproduzir no Senado o quadro que permitiu à oposição impor ao Planalto derrotas como a rejeição da emenda que prorrogava a CPMF.

Excluído da campanha tucana de José Serra, que prefere exibir Lula no rádio e na TV, FHC declara-se, em privado, preocupado com os rumos da própria democracia.

Revela-se receoso de que a expectativa do poder longevo leve o petismo a tentar mimetizar no Brasil o modelo autocrático do venezuelano Hugo Chávez.

Enxerga no Senado a única trincheira na qual a oposição ainda pode se posicionar para deter eventuais "arroubos antidemocráticos”.

Ficou combinado que, em entrevistas e artigos de jornal, os líderes da oposição devem ostentar um discurso voltado à classe média.

Em essência, vai-se esgrimir a tese segundo a qual o poder do Executivo precisa ser submetido ao contrapeso de um Congresso capaz de vigiá-lo.

Candidato ao Senado pelo DEM do Rio de Janeiro, o ex-prefeito Cesar Maia foi o primeiro a levar o discurso aos lábios.

Num vídeo que pendurou em sua página na internet, na última sexta (20), Cesar Maia fez referência ao Datafolha.

Sem meias palavras, disse que a vantagem de 17 pontos percentuais atribuída a Dilma leva a um deslocamento do “foco para as eleições do Senado”.

“Essa é uma questão da maior preocupação de todos nós, que somos amantes da democracia”, disse Cesar Maia.

“Queremos evitar que, no Brasil, aconteça o que aconteceu na Venezuela", acrescentou. Para ele, o “jogo” agora é “o controle do Senado”.

No centro das apreensões de tucanos e ‘demos’ está um número mágico: 47. É esse o escore necessário à aprovação de uma emenda constitucional no Senado.

Hoje, Lula dispõe da maioria dos votos dos 81 senadores. A supremacia é, porém, apenas nominal.

Em articulação com dissidentes governistas, a oposição impôs derrotas ao governo até em votações de projetos que exigem a maioria simples de 41 votos.

Atento à fragilidade do consórcio que lhe dá suporte no Senado, Lula empenha-se em prover para Dilma um cenário mais confortável.

Em público, o presidente pede votos em comícios para sua pupila e também para os candidatos ao Senado alinhados com o governo.

Para sensibilizar as platéias, Lula não se cansa de recordar que, ao derrubar a CPMF, a oposição o privou de injetar R$ 40 bilhões na saúde.

Entre quatro paredes, Lula afirma aos políticos que o cercam: “Um senador vale mais do que três governadores”.

Nas eleições de 2010, estão em jogo 54 dos 81 assentos do Senado. Deve-se ao Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) o estudo mais completo sobre prognósticos.

O levantamento carece de atualizações. Mas é, por ora, o que mais se aproxima da guerra travada nos Estados.

O documento esboça um quadro pouco alvissareiro para a oposição. Estima que o PMDB deve conservar nas urnas a condição de dono da maior bancada do Senado.

Prevê que o PT pode saltar da quarta para a segunda colocação em número de senadores. E vaticina a redução das bancadas oposicionistas.

Hoje, PSDB e DEM operam com 14 senadores cada um, atrás do PMDB e à frente do PT.

Tomados pelas previsões do Diap os tucanos correm o risco de ser deslocados para a terceira posição. E os ‘demos’ para a quarta. Daí a preocupação de FHC e Cia..

sábado, 21 de agosto de 2010

“Advogados versus Conselho da OAB-CE”

Nos últimos dias, os advogados cearenses movimentaram-se no intuito de votar em até três nomes, dentre os 17 colegas que postulavam a unção ao cargo de desembargador, passando a integrar o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), em observância ao Quinto Constitucional, instrumento que assegura um quinto dos assentos nos tribunais para advogados e membros do Ministério Público.

Nessa votação, acontecida em 30/07/10, compareceram 2.742 advogados, entre os oito mil adimplentes na OAB, aptos a votar, uma cifra um pouco inferior a colhida na eleição similar, de julho de 2007, sendo daí extraída a lista dos doze nomes com maior número de votos, e habilitados, por conseguinte, a tomar parte na segunda fase do certame.

Em 9/08/10, os doze mais votados foram argüidos por membros do Conselho Seccional da OAB no Ceará (OAB-CE), responsável pela definição e homologação da lista sêxtupla, a ser remetida ao Tribunal de Justiça, ao qual compete avaliar e compor uma lista tríplice, de onde emergirá o escolhido, por livre vontade do Governador Cid Gomes.

A divulgação da lista quíntupla, e não sêxtupla, como prevista, provocou desconforto nos votantes, e no grande público, que acompanhava o processo de escolha do novo desembargador, à conta da mudança na ordem das posições definidas na consulta plebiscitária. Mesmo tendo confirmados, nessa lista, quatro dos seis mais votados na dita consulta, o Conselho Seccional incluiu um nome, que não figurava da preferência manifestada pelo público consultado, porquanto constava na décima posição.

O mais estranho, contudo, e que cobra as devidas explicações, foi a exclusão do candidato classificado em primeiro lugar, com 913 votos, no primeiro escrutínio, reproduzindo o que houve no plebiscito anterior, quando um brilhante jurista, detentor de vasto e consistente currículo, foi deslocado, pelo Conselho da OAB-CE, da primeira para a sétima posição.

No presente processo, a leitura feita por alguns “experts” imputa a eliminação ao fato do expurgado ser um procurador, que não vivenciava tanto os percalços da prática advocatícia cotidiana. É reconhecido que, de conformidade com as normas do processo eleitoral vigente, o Conselho Seccional executa uma ação relevante, não se limitando a homologar o que emanou das urnas, se bem que não seria exagero requerer, desse colegiado, sua atenção aos ecos procedentes das bases da categoria.

O aprendizado que se pode lograr do acontecimento seria o de trocar as etapas da seleção, comportando ao Conselho Seccional iniciar os procedimentos, por meio da prévia análise de memorial e de currículo, sequenciado da sabatina dos candidatos, qualificando os doze que seriam sujeitos à consulta dos colegas, implicando essa mudança retração de despesas de campanha e redução da “pressão” sobre o eleitorado.
Fica a sugestão para o próximo embate: “Conselho Seccional da OAB versus Advogados: buscando uma vaga de desembargador”.

Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular da UECE.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

IBOPE: só fato novo muda curso da disputa presidencial

A 43 dias das eleições presidenciais, apenas um fato novo, fora de controle, poderá mudar o rumo da campanha. Sem esta virada, a tendência é que a candidata do PT, Dilma Rousseff, saia vitoriosa no primeiro turno, em 3 de outubro, como apontam pesquisas recentes de intenção de voto.

A avaliação é da diretora-executiva do Ibope, Marcia Cavallari.

No levantamento do instituto divulgado há três dias, Dilma tem 11 pontos percentuais de vantagem sobre seu principal adversário, José Serra (PSDB), e, computados apenas os votos válidos --excluídos brancos, nulos e indecisos--, ela venceria com 51 por cento, enquanto Serra contaria com 38 por cento neste cálculo.

"Se nada acontecer, e avaliando as tendências até o momento, as chances dela ganhar no primeiro turno são muito grandes", disse Marcia à Reuters.

"Não exime que na reta final da campanha aconteça algum fato que possa trazer um impacto grande nas campanhas", avalia. "A gente está entrando numa fase da campanha que é a fase onde nenhum dos candidatos pode ser pego de surpresa."

Na hipótese de a "surpresa" se resumir a uma acusação de Serra contra Dilma ou contra o petismo, é preciso que venha bem fundamentada, caso contrário dificilmente terá o efeito desejado.

Segundo a executiva do Ibope, o eleitor precisa ter certeza que a denúncia é verdadeira, fundamentada e com provas.

"Se ficar só no discurso, o eleitor já tem este filtro de falar que isso faz parte do jogo, de um ficar atacando o outro. A gente vê ao longo das campanhas que o eleitor não gosta."

Outros ingredientes podem afetar a intenção de voto do eleitor. O horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, as inserções na mídia, que tiveram início esta semana, e os debates terão impacto na campanha.

Com esses programas, o eleitor vai começar a comparar os candidatos de uma forma mais direta porque vai receber informações de todos ao mesmo tempo. Podem favorecer ou desmerecer os concorrentes.

Para procurar reverter o cenário, diz a executiva do Ibope, Serra poderia potencializar seu grau de experiência e sua trajetória política e reforçar que tem condições de exercer a continuidade das políticas públicas que são bem avaliadas pela população, mesmo sendo de oposição.

Serra já tem um terço dos votos daqueles que consideram o governo Lula como bom e 19 por cento daqueles que veem a gestão federal como ótima, segundo dados do Ibope. A aprovação ao governo Lula chega a 78 por cento.

Por Carmen Munari (Reuters)

sábado, 14 de agosto de 2010

Perto do paraíso

Diante dos novos números do Datafolha, a questão que se coloca a partir de agora na campanha presidencial é: haverá segundo turno? Hoje, a resposta que parece mais crível é "não".

A vantagem que Dilma Rousseff abre sobre José Serra, de oito pontos (41% a 33%), não lhe daria, ainda, a vitória em 3 de outubro. Mas a petista, pela primeira vez, fica perto de liquidar a fatura pela via rápida, expectativa que Lula, em particular, alimenta e tem feito questão de transmitir à cúpula da campanha.

Como Marina, do PV, estacionou nos 10% e Serra caiu, hoje faltariam a Dilma apenas 3 pontos percentuais para obter mais de 50% dos votos válidos. Ou seja, o lulismo abriu a Dilma a porta do paraíso.

É com essa expectativa e diante dessa nova configuração de forças que daqui a três dias a disputa passa a ser travada na TV, com o início do horário eleitoral gratuito. Não faz muito tempo, os tucanos imaginavam que poderiam chegar à fase da guerra televisiva com alguma vantagem sobre Dilma. Nas últimas semanas, ficou claro que um empate técnico na largada do horário eleitoral estaria de ótimo tamanho. Tudo isso agora já é conversa velha.

Pessoas escoladas no jogo eleitoral-televisivo apostam que Dilma irá se beneficiar do primeiro impacto das imagens ao lado de Lula. Isso quer dizer que, se ela não crescer e a distância em relação a Serra não aumentar na primeira semana de TV, isso será uma surpresa.

Em 2006, antes de começar o horário gratuito, Geraldo Alckmin tinha 24%, contra 47% de Lula. O tucano cresceu muito na TV, houve o escândalo dos aloprados e a disputa foi a segundo turno (quando Alckmin, literalmente, encolheu). Mas ele era um desconhecido no país antes de surgir na telinha. De certa forma, a situação agora se inverte: muita gente ainda não sabe que Dilma é "a mulher do Lula".

Tudo, ou quase tudo, conspira contra José Serra. Descolar Dilma de Lula e evitar a derrota no primeiro turno se tornou muito difícil.

Por FERNANDO DE BARROS E SILVA

Dilma passa Serra em Minas; tucano só lidera no Sul

Dilma Rousseff (PT) cresceu em todos o Estados pesquisados pelo Datafolha, passou José Serra (PSDB) em Minas Gerais e agora lidera nas regiões Nordeste e Sudeste. O tucano mantém a dianteira no Sul do país.

No levantamento anterior, feito de 20 a 23 de julho, o Sudeste estava dividido entre Dilma e Serra, com um Estado para cada um e Minas Gerais rachado entre os dois.
Agora, Dilma não só aumentou em dez pontos sua vantagem no Rio de Janeiro mas também é a mais votada entre os mineiros.

Dilma tem 41% das intenções de voto em Minas, contra 34% de Serra (estava 35% a 38%, respectivamente). O Estado é o segundo maior colégio eleitoral do país.
No Rio, terceiro colégio, onde Dilma tem 41% de intenção de voto, Serra aparece com 25% e já vê Marina Silva (PV) se aproximar, com 15%.

Em São Paulo, que concentra 30 milhões de eleitores (22% do eleitorado), Serra mantém a ponta, mas viu sua vantagem cair sete pontos.

O melhor desempenho de Dilma continua sendo em Pernambuco, onde ela também apresenta seu maior crescimento. A vantagem da petista sobre Serra entre os pernambucanos, que era de 15 pontos, agora é de 33. O Estado tem 6,3% do eleitorado.
O segundo maior crescimento de Dilma se deu na Bahia, quarto maior colégio eleitoral. A petista acrescentou 11 pontos à sua vantagem sobre Serra e agora tem 48% de intenção de voto entre os baianos, e o tucano, 26%.

Na região Sul do país, porto seguro de Serra, Dilma também cresceu, mas o tucano mantém a preferência entre gaúchos e paranaenses.

No Rio Grande do Sul, com 8,1 milhões de eleitores, Serra tem 43% de intenção de voto, e Dilma, 35%. A vantagem tucana, que era de 12 pontos, caiu para 8.
No Paraná, onde Serra tinha a maior vantagem no levantamento anterior (15 pontos), a distância também encurtou. Agora o tucano está sete pontos à frente de Dilma.

UIRÁ MACHADO DE SÃO PAULO

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Serra no JN foi um desastre: pelo menos 8 mentiras, 2 contradições e 9 erros políticos

A entrevista de José Serra (PSDB/SP) no Jornal Nacional foi um desastre.

Contamos 8 mentiras, 9 erros políticos, e Serra ainda conseguiu cair em contradição duas vezes dentro da mesma entrevista. É muita coisa para um candidato só em 12 minutos de entrevista.

Em negrito estão nossos comentários daqui do blog.


William Bonner: A entrevista vai durar 12 minutos, e o tempo começa a ser contado a partir de agora. Candidato, desde o início desta campanha, o senhor tem procurado evitar críticas ao presidente Lula. O senhor acha que... E em alguns casos fez até elogios a ele... o senhor acha que essa é a postura que o eleitor espera de um candidato da oposição?

Tal qual um lobo em pele de cordeiro, Serra quer se apresentar como candidato pós-Lula e não de oposição a Lula. A pergunta foi feita para tentar neutralizar a imagem anti-Lula.
Na pergunta, Bonner incluiu uma afirmação do interesse dos marqueteiros de Serra: "fez até elogios a Lula"... Bonner levantou a bola para Serra cortar.

Detalhe: no vídeo nota-se Serra remexendo-se na cadeira, e engolindo em seco, antes de responder.

José Serra: Olha, o Lula não é candidato a presidente. O Lula, a partir de 1º de janeiro, não vai ser mais presidente da República. Quem estiver lá vai ter de conduzir o Brasil. Não há presidente que possa governar na garupa, ouvindo terceiros ou sendo monitorado por terceiros. Eu estou focado no futuro. Hoje tem problemas e tem coisas boas. O que nós temos que fazer? Reforçar aquilo que está bem e corrigir e poder melhorar aquilo que não andou direito. É por isso que eu tenho enfatizado sempre que o Brasil precisa e que o Brasil pode mais. Onde? Na área da saúde, na área da segurança, na área da educação, inclusive do ensino profissionalizante. Meu foco não é o Lula. Ele não está concorrendo comigo.

Serra foi muito ruim... era só cortar a bola levantada... e ele errou 3 vezes:

1ª) Lula não é candidato a presidente, mas tem candidata. Querer tirar a influência do presidente no pleito é um erro. Empurra com a barriga um duelo que ele vai ter que enfrentar. É um erro enfrentar mais à frente, quando estiver mais fraco, e sem tempo para corrigir rumos.
Serra irritou o eleitor que gosta de Lula, mas ainda não tem candidato, ao querer "aposentá-lo" ou "cassá-lo" do processo político antes da hora.

2ª) Quando ele disse "não há presidente que possa governar na garupa", ele tenta desqualificar a adversária, e com argumento bobo, em vez de mostrar suas próprias qualidades. Isso transparece inveja, fraqueza e insegurança. Não agrada aos eleitores. Além disso, a imagem de uma mulher muito inteligente e capaz, que Dilma passou em sua entrevista na segunda-feira, não combina com alguém que ficaria apenas na garupa.

3ª) Para convencer alguém a votar nele, não adianta só apontar problemas e dizer que vai melhorar. Isso todo político diz. É preciso ter credibilidade, e Serra não tem na área de segurança, nem na de educação, e na saúde só tem um pouco ainda, porque é produto de propaganda enganosa e da blindagem da imprensa, que vem sendo desmascarada graças à internet. Trataremos disso mais adiante.

William Bonner: Entendo. Agora, candidato, o senhor avalia o risco que o senhor corre de essa sua postura ser interpretada como um receio de ter que enfrentar a popularidade alta do presidente Lula?

Olha o Bonner levantando a mesma bola de novo, para ver se Serra acerta dessa vez.

José Serra: Não, não vejo por quê. Eu acho que as pessoas estão preocupadas com o futuro, né? Quem vai tocar o Brasil, quem tem mais condições de poder tocar o Brasil para a frente, que não é uma tarefa fácil. Inclusive de pegar aqueles problemas que hoje a população considera como os mais críticos e resolvê-los. Dou como exemplo, novamente, entre outros, a questão da saúde. Então, o importante agora é isso. E as pessoas estão nisso. O governo Lula fez coisas positivas, né? Outras coisas, deixou de fazer. A discussão não é o Lula. A discussão é o que vem para a frente, tá certo? Os problemas do Brasil de hoje e o que tem por diante.

Serra errou pela 4ª vez. Repetiu o terceiro erro citado acima: Para convencer alguém a votar nele, não adianta só apontar problemas e dizer que vai melhorar, porque isso todo político faz. O erro foi pior porque não foi só no conteúdo. Foi também na forma. A resposta de Serra foi um amontoado de obviedades descritas de forma pouco inteligível. Alguém entendeu o que ele quis dizer exatamente com "Dou como exemplo, novamente, entre outros, a questão da saúde. Então, o importante agora é isso. E as pessoas estão nisso"...?

Fátima Bernardes: O senhor tem insistido muito na tecla de que o eleitor deve procurar comparar as biografias dos candidatos que estarão concorrendo, que estão concorrendo nesta eleição. O senhor evita uma comparação de governos. Por exemplo, por quê, entre o governo atual e o governo anterior?

Fátima jogou pétalas para o candidato, suavizando a pergunta, que deveria ser: por que então o senhor esconde seu papel como ministro do planejamento, homem forte, e escolhido em 2002 para sucessor de FHC?

José Serra: Olha, porque são condições diferentes. Eles governaram em períodos diferentes, em circunstâncias diferentes. O governo anterior, do Fernando Henrique, fez uma... muitas contribuições ao Brasil, entre elas o Plano Real. A inflação era de 5.000% ao ano, né? E ela foi quebrada a espinha. As novas gerações nem têm boa memória disso. E várias outras coisas que o governo Lula recolheu e seguiu. O Antonio Palocci, que foi ministro da Fazenda do Lula e hoje é o principal assessor da candidata do PT, nunca parou de elogiar, por exemplo, o governo Fernando Henrique. Mas nós não estamos fazendo uma disputa sobre o passado. É como se eu ficasse discutindo, para ganhar a próxima Copa do Mundo, quem foi o melhor técnico: o Scolari ou o Parreira?

Serra falou a primeira grande mentira da noite. O plano Real foi feito no governo de Itamar Franco (será ele gostou de ser ignorado pelo Serra na TV?). FHC veio em seguida, e passou 8 anos sem dar nenhum passo adiante. Promoveu um populismo fiscal e cambial no primeiro mandato, que quebrou o país, mas ganhou a reeleição, e governou no segundo mandato remendando o país quebrado.

Fátima Bernardes: Mas...

José Serra: E o Mano Menezes, Fátima, desculpe, fosse estar preocupado em saber quem era melhor para efeito de ganhar a Copa de 14. Isso é uma coisa que os adversários fazem para tirar o foco de que o próximo presidente vai ter de governar e não pode ir na garupa. E tem que ter ideias também. Não só coisas que fez no passado, mas também ideias a respeito do futuro.

A comparação com futebol também foi falsa. Lula é um craque e sairá do governo com mais de 80% de aprovação. FHC saiu com baixíssima popularidade, está mais para o que chamam de "era Dunga" (sendo injusto com Dunga, porque ele, no futebol, é muito superior e vitorioso do que FHC, na presidência).

Fátima Bernardes: Mas, por exemplo, avaliar, analisar fracassos e sucessos não ajuda o eleitor na hora de ele decidir pelo voto dele?

Olha a Fátima levantando a mesma bola de novo, para ver se Serra acerta dessa vez.

José Serra: Por isso... E é isso o que eu estou fazendo. Por exemplo, mostro na saúde. Eu fui ministro da Saúde. Fiz os genéricos, os mutirões, a campanha contra a Aids que foi considerada a melhor campanha contra a Aids do mundo, uma série de coisas. A saúde, nos últimos anos, não andou bem. Por exemplo, queda, diminuição do número de cirurgias eletivas, aquelas que não precisa fazer de um dia para o outro, mas são muito importantes. Caiu, né? Pararam os mutirões. Muita prevenção que se fazia acabou ficando para trás. Faltam ainda hospitais nas regiões mais afastadas dos grandes centros. Tem problemas com as consultas, tem problemas de demoras. Enfim, tem um conjunto de coisas, inclusive relacionadas por exemplo com a saúde da mulher. Tudo isso precisa ser equacionado no presente. Eu estou apontando os problemas existentes.

Serra falou a segunda grande mentira da noite: Os genéricos não foi Serra quem fez. Foi Jamil Haddad no governo Itamar Franco (novamente ignorado por Serra).
Em seguida falou a terceira grande mentira: o programa da Aids não foi de Serra, foi de Lair Guerra e Adib Jatene.
Quanto às cirgurgias eletivas, foram elas ou as fraudes no SUS que diminuíram? Muitas cirurgias que não existiam eram cobradas e contabilizadas como se tivessem sido feitas. Além disso, as pessoas que subiram de classe social, e que arranjaram empregos formais, e tiveram acesso a planos de saúde, e não usaram o SUS, como entram nesta contabilidade?
Serra insiste em mutirões como solução em saúde para o SUS. Mutirão é quebra-galho, não é rede de saúde planejada, que o povo merece, e que funciona.

William Bonner: Agora, candidato, vamos ver uma questão... O senhor me permita, para a gente poder conversar melhor.

José Serra: Sim, sim, claro.

William Bonner: Uma questão política. Nesta eleição, existem contradições muito claras nas alianças formadas pelos dois partidos que têm polarizado as eleições presidenciais brasileiras aí nos últimos 16 anos, né? O PT se aliou a desafetos históricos. O seu partido, o PSDB, está ao lado do PTB, um partido envolvido no escândalo do mensalão petista, no escândalo que inclusive foi investigado e foi condenado de forma muito veemente pelo seu partido, o PSDB. Então, a pergunta é a seguinte: o PSDB errou lá atrás quando condenou o PTB ou está errando agora quando se alia a esse partido?

Bonner fingiu ser duro com Serra com perguntas incômodas, mas na verdade estava levantando a bola para Serra atacar o PT, tanto é que nem tocou no assunto "mensalão do DEM", nem do mensalão tcano, do Eduardo Azeredo (PSDB/MG).

José Serra: William, é uma boa pergunta. O PTB, no caso de São Paulo, por exemplo, sempre esteve com o PSDB, de uma ou de outra maneira. Isso teve uma influência grande na aliança nacional. Os partidos, você sabe, são muito heterogêneos. O personagem principal... Os personagens principais do mensalão nem foram do PTB. Os personagens principais foram do PT, aliás, mediante denúncia do Roberto Jeferson, que era então líder do PTB.

Serra cortou a bola levantada para atacar o PT.

Mas errou feio (pela 5ª vez) ao defender Roberto Jefferson, dizendo que ele era denunciante. Não era apenas denunciante, Roberto Jefferson é réu e teve seu mandato cassado por falta de ética.

William Bonner: Os nomes de petebistas, todos, uma lista muito vasta, começando pelo Maurício Marinho.

Bonner insiste no assunto, para requentá-lo e manter em evidência na entrevista. Levantou de novo a bola para Serra cortar.

José Serra: Você tem 40 lá no Supremo Tribunal Federal...

Willlam Bonner: Não, exato.

José Serra: E o PT ganha disparado.

Serra cortou a bola levantada por Bonner para atacar o PT, se esquivando de explicar sua relação com Roberto Jefferson.

William Bonner: Mas não há nenhum constrangimento para o senhor pelo fato de esta aliança por parte do seu partido, o PSDB, ter sido assinada com o PTB pelas mãos do presidente do partido que teve o mandato cassado inclusive com votos de políticos do seu partido, o PSDB? Isso não provoca nenhum tipo de constrangimento?

O aparente "aperto" não passa de pautar a entrevista em torno de desgastar o PT.

José Serra: Olha, o Roberto Jefferson, é o presidente do PTB, ele não é candidato. Ele conhece muito bem o meu programa de governo, o meu estilo de governar. O PTB está conosco dentro dessa perspectiva. Eu não tenho compromisso com o erro. Aliás, nunca tive na minha vida. Tem coisa errada, as pessoas pagam, né? Quem é responsável por si é aquele que comete o erro, é ele que deve pagar. Eu não fico julgando. Mas eu não tenho compromisso com nenhum erro. Agora, quem está comigo sabe o jeito que eu trabalho. Por exemplo, eu não faço aquele loteamento de cargos. Para mim, não tem grupinho de deputados indicando diretor financeiro de uma empresa ou indicando diretor de compras de outra. Por quê? Para que que um deputado quer isso? Evidentemente não é pra ajudar a melhorar o desempenho. É para corrupção. Comigo isso não acontece. Não aconteceu na saúde, no governo de São Paulo e na prefeitura.

Serra errou (pela 6ª vez), por que caiu na 1ª contradição. A defesa que ele faz do relacionamento com Roberto Jefferson, contradiz as críticas que ele fez ao PT. O povo não é bobo.
Serra falou a quarta mentira: até político de Mato Grosso (Antero Paes de Barros) e Pernambuco (Roberto Freire), que estavam desempregados, ele arrumou uma boquinha na SABESP e na Prefeitura de São Paulo.

Fátima Bernardes: Candidato, nesta eleição, quer dizer, o senhor destaca muito a sua experiência política. Mas na hora da escolha do seu vice, houve um certo, um certo conflito com o DEM exatamente porque houve uma demora para o aparecimento desse nome. Muitos dos seus críticos atribuem essa demora ao seu perfil centralizador. O nome do deputado Índio da Costa apareceu 18 dias depois da sua oficialização, da convenção que oficializou a sua candidatura. É... O senhor considera que o deputado, em primeiro mandato, está pronto para ser o vice-presidente, uma função tão importante?

Fátima suavizou a pergunta. Ela teria que ter perguntado se José Roberto Arruda (ex-DEMos), seria o vice, caso não fosse preso no mensalão do DEM. Deveria perguntar também, sobre os problemas com Aécio, sobre a recusa em ser vice.

José Serra: Está. Fátima, deixa só eu te dizer uma coisa. Eu não sou centralizador. Eu sei que tenho a fama de centralizador. Mas no trabalho, eu delego muito. Eu sou mais um cobrador. Eu acompanho tudo.

Fátima Bernardes: Eu falei centralizador porque até no seu discurso de despedida do governo de São Paulo, o senhor mesmo explicou sobre essa fama de centralizador.

José Serra: Que eu não era centralizador. E todo muito que trabalha comigo sabe disso, eu delego muito. Agora, eu acompanho porque quem coordena, quem chefia tem que acompanhar para as coisas acontecerem. A questão da vice estava orientada numa direção. Por circunstancias políticas, acabou não acontecendo. E o Índio da Costa, que foi o escolhido, estava entre os nomes que a gente cogitava. Só que isso não tinha ido para a opinião pública porque senão é uma fofoca só. Fulano, cicrano, isso e aquilo. Ele disputou quatro eleições, é um homem de 40 anos e foi um dos líderes da aprovação do ficha limpa no Congresso. Eu acho que...

Fátima Bernardes: Mas a experiência dele é municipal, na verdade, não é? Ele teve três mandatos de vereador, o senhor acha que isso o qualifica?

José Serra: E um mandato deputado federal.

Fátima Bernardes: Que ele está exercendo pela primeira vez.

José Serra: Eu acho que isso o qualifica perfeitamente. O que vale é a experiência na vida pública. Tem livros sobre administração e eu insisto. Sua atuação no Congresso Nacional foi marcada pelo ficha limpa. Se você for pegar também outros vices, do ponto de vista da experiência pública, cada um tem suas limitações. Mas eu não estou aqui para ficar julgando os outros. Eu só sei que o meu vice, jovem, ficha limpa, preparado, com muita vontade, e do Rio de Janeiro, é um vice adequado. Eu me sinto muito bem com ele. Agora, devo dizer o seguinte...

Serra caiu na 2ª contradição. Ele defende seu vice dizendo que um deputado federal pela primeira vez, do baixo clero, é "perfeitamente qualificado", enquanto tenta desqualificar Dilma, que já ocupou cargos muitos mais importantes e se saiu muito bem. Serra desmontou suas próprias críticas à Dilma, ao defender seu vice.

Quinta mentira: a ficha do vice está suja e lambuzada de merenda escolar, segundo uma vereadora, tucana acima de qualquer suspeita.

William Bonner: Candidato... Candidato.

José Serra: Eu tenho muito boa saúde. Ninguém está sendo vice comigo achando que eu não vou concluir o mandato.

Serra errou ao dizer isso. Falou demais, e errou duas vezes (7º e 8º erro):

1ª) Chamou atenção para algo que a maioria dos telespectadores não estava pensando, e foram induzidos a ser perguntar: E se o Serra faltar? É aquele Indio da Costa que será presidente?

2ª) Na prática, disse que o vice é de "brincadeirinha", desqualificando-o, depois de tê-lo defendido.

William Bonner: Mas um vice não assume só nessas circunstâncias...

Fátima Bernardes: Trágicas.

Agora foi a Fátima quem, sem querer, colocou "a pulga atrás da orelha" do telespectador ...

José Serra: Mas, enfim... Eu não sei até que ponto...

William Bonner: Candidato, eu gostaria de abordar um pouquinho também da sua passagem pelo governo de São Paulo. O senhor foi governo em São Paulo durante quatro anos, seu partido está no poder em São Paulo há 16 anos. Então é razoável que a gente avalie aqui algumas dessas ações. A primeira que eu colocaria em questão aqui é um hábito que o senhor mesmo tem de criticar o modelo de concessão das estradas federais. De outro lado, os usuários, muitos usuários das estradas estaduais de São Paulo que estão sob regime de concessão, se queixam muito do preço e da frequência com que são obrigados a parar para pedágio, quer dizer, uma quantidade de praças de pedágio que eles consideram excessiva. Pergunta: o senhor pretende levar para o Brasil inteiro esse modelo de concessão de estradas estaduais de São Paulo?

Bonner suavizou muito a pergunta. E a fez muito longa, dispersando a atenção do telespectador que não conheça os abusos dos pedágios paulistas.

José Serra: Olha, antes disso. No caso de São Paulo, tem uma pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes, um organismo independente: 75% dos usuários das estradas do Brasil acham as paulistas ótimas ou boas. 75%, um índice de aprovação altíssimo. Isso para as federais é apenas 25%. De cada dez estradas federais, sete estão esburacadas. São as rodovias da morte. Na Bahia, em Minas, BH, Belo Horizonte, Governador Valadares, em Santa Catarina. Enfim, por toda a parte. O governo federal fez um tipo de concessão que não está funcionando.

Serra falou a sexta mentira: nesta mesma pesquisa Pesquisa rodoviária da CNT quele citou, realizada em 2009, mostra em relação aos 87.552 quilômetros avaliados: Pavimentação (págs. 32 a 35, do Relatório Gerencial): 94,3% não apresentam buracos. De onde ele tirou essa mentira que 7 em cada 10 estão esburacadas?

William Bonner: Mas a que o senhor fez motivou críticas quanto ao preço. Então a questão que se impõe é a seguinte, candidato: não existe um meio termo? Ou o cidadão brasileiro tem uma estrada boa e cara ou ele tem uma estrada ruim e barata. Não tem um meio termo nessa história?

José Serra: Eu acho que pode ter uma estrada boa que não seja cara, se você trabalhar direito. Por exemplo, a concessão que eu fiz da Ayrton Senna. O pedágio anterior era cobrado pelo órgão estadual. Caiu para a metade o pedágio. É que realmente, geralmente, os exemplos bons não veem...

A rodovia Ayrton Senna, a única que Serra cita como tendo "reduzido" o pedágio, tem apenas 48,3 Km. E os milhares de Km das outras rodovias pedagiadas de São Paulo, cujos pedágios só subiram?

Detalhe: o pedágio da Ayrton Senna só diminuiu porque ela corre paralela à via Dutra. Se o pedágio fosse mais caro do que na Dutra, quase ninguém a usaria.

William Bonner: Mas esse modelo vai ser exportado para as estradas federais?

José Serra: Esse modelo que diminuiu pode ser adotado, porque você tem critérios para ser examinados. O governo federal fez estradas pedagiadas. Só que estão, por exemplo, no caso de São Paulo, a Régis Bittencourt, que é federal, ela continua sendo a rodovia da morte. E a Fernão Dias, Minas-São Paulo, está fechada. Você percebe? Nunca o Brasil esteve com as estradas tão ruins. Agora, tem mais: em 1000 é, é, no começo de 2003 para cá, foram arrecadados R$ 65 bilhões para transportes, para estradas na Cide. É um imposto. Sabe quanto foi gasto disso pelo governo federal? Vinte e cinco. Ou seja, foram R$ 40 bilhões arrecadados dos contribuintes para investir em estradas do governo federal que não foram utilizados. A primeira coisa que eu vou fazer, William, é utilizar esses recursos para melhorar as estradas. Não é o assunto de concessão que está na ordem do dia. É gastar. É entender o seguinte: por que de cada R$ 3 que o Governo Federal arrecadou, foram 65, ele gastou um terço disso? É uma barbaridade.

Serra errou (pela 9ª vez) ao apavorar os brasileiros com a ameaça de extender o modelo de pedágios paulista, com tarifas abusivas para o resto do Brasil.
A principal diferença nos pedágios federais na era Lula é que não são onerosos e a margem de lucro é baixa (próximo da taxa selic). O resultado é uma tarifa muito baixa. Os governos demo-tucanos paulistas fazem o contrário: concessão onerosa, que são repassadas às tarifas, e margem de lucro das concessionárias acima de 20% (um absurdo).

A sétima mentira: A rodovia Fernão Dias não está fechada.

A oitava mentira: A arrecadação da CIDE não é só para estradas. Ela é usada também para infra-estrutura do transporte urbano nas cidades, projetos ambientais, e para subsidiar o preço de combustíveis, quando necessário.
O IPVA (quase R$ 9 bilhões só em São Paulo em 2009) que é estadual e Serra recolheu como governador, é que deveria ser para conservar rodovias, e não se sabe para onde vai, nem como é gasto, já que as rodovias paulistas foram privatizadas. O cidadão paulista paga um pedágio caríssimo, e ainda paga um IPVA também bastante caro.

Fátima Bernardes: Nós estamos...

José Serra: Por isso as estradas federais estão nessa situação. Desculpa, Fátima, fala.

Fátima Bernardes: Não, candidato. É que como nós temos um tempo, eu queria dar ao senhor os 30 segundos para o encerramento, para o senhor se dirigir ao...

José Serra: Já passou?!

Fátima Bernardes: Já passou, já estamos, olhe lá, Onze e quarenta e sete e os seus eleitores.

José Serra: Olha, eu vim aqui, queria, em primeiro lugar, agradecer a vocês por essa oportunidade. Eu tenho uma origem modesta, meus pais eram muito modestos. Eu acho que eles nunca sonharam que um dia eu estaria aqui no Jornal Nacional, que eles assistiam diariamente, aliás pela segunda vez, falando como candidato a presidente da República. Eu devo a eles até onde eu cheguei. Devo a eles, devo à escola pública e acabei virando professor universitário, mas também sempre ligado às questões públicas, desde que eu fui presidente da União Nacional dos Estudantes até hoje. O que eu peço hoje...

Serra ensaiou, ensaiou, ensaiou... e o que saiu foi isso aí.


William Bonner: Seu tempo, candidato.

José Serra: Para concluir é o seguinte: eu acho que o Brasil pode continuar e pode melhorar muito. O que eu queria pedir às pessoas...

William Bonner: Candidato, o senhor me obriga a interrompê-lo, me perdoe, me perdoe.

José Serra: Não posso nem falar um pouquinho?

William Bonner: É em respeito... Não posso. Porque é em respeito aos demais candidatos que estiveram aqui. E eu sei que o senhor vai compreender. E eu quero agradecer a sua presença aqui.
José Serra: Não. Eu compreendo. Obrigado.

Quem pensou que Bonner foi "durão" com Serra, não conhece o outro lado da história.

Se o tempo fosse a mais para Serra, Dilma e Marina teriam direito a voltar ao Jornal Nacional outro dia para completar o tempo igual para todos, de acordo com as leis eleitorais.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ceará no topo da Ficha Limpa.

O Ceará tem todas as possibilidades de, proporcionalmente, ser o Estado que mais barrou candidaturas através da chamada Lei Ficha Limpa. É essa a avaliação do procurador regional eleitoral Alessander Sales. Dos 41 registros de candidaturas impugnados (questionados) pelo Ministério Público que se encaixam nos preceitos da nova lei, 25 foram indeferidos, até ontem, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o que representa 61% do total.

A maioria são ex-prefeitos condenados pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) por improbidade administrativa. Outros três candidatos deverão ser julgados na próxima segunda-feira.

Segundo Alessander, o Estado tem chances até de ser o local com o maior número de candidaturas cassadas por conta da lei sancionada pelo presidente Lula no último dia 4 de junho. Ele só não dá garantia absoluta porque São Paulo – que teve 60 candidaturas impugnadas com base na lei Ficha Limpa – só iniciou ontem os julgamentos. “Eu acho muito difícil o Ceará ser superado, mas como você sabe, São Paulo é muito grande”, pondera.

O juiz coordenador da propaganda eleitoral, Heráclito Vieira de Sousa Neto, explica ainda que, caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirme os indeferimentos das candidaturas, os partidos terão até dez dias para apresentar substitutos. Caso isso não ocorra, o tempo do horário eleitoral será novamente dividido entre os candidatos.

Para o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, em todo o País, pelo menos 100 candidaturas devem ser barradas pela Lei Ficha Limpa. Até agora, das 1.030 candidaturas que foram indeferidas, pouco mais de 70 referem-se à nova lei.

De acordo com o site Congresso em Foco, entretanto, a previsão do TSE já foi superada. O portal afirma que até as 13 horas de ontem, o número de registros de candidaturas negados com base na nova le chegou a 110.

A lei complementar 135/10, mais conhecida como Lei da Ficha Limpa, torna inelegíveis por oito anos pessoas condenadas por corrupção eleitoral, compra de voto ou gastos ilícitos de recursos de campanha. O projeto também torna inelegíveis, pelo mesmo prazo, detentores de cargo na administração pública condenados em órgão colegiado por abuso de poder econômico.

NÚMEROS:

43 CANDIDATURAS FORAM IMPUGNADAS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO

173 É O NÚMERO TOTAL DE CANDIDATURAS INDEFERIDAS PELO TRE

27 É O NÚMERO DE CANDIDATURAS BARRADAS SÓ PELA FICHA LIMPA

14 CANDIDATURAS IMPUGNADAS PELA FICHA LIMPA FORAM DEFERIDAS

537 CANDIDATURAS JÁ FORAM DEFERIDAS PELA JUSTIÇA ELEITORAL

Com informações do Jornal O Povo

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Deu a lógica na entrevista de Marina ao Jornal Nacional

Willian Bonner pareceu satisfeito consigo mesmo ao chamar os comerciais ao fim da entrevista que Marina Silva concedeu ao Jornal Nacional em sua segunda edição desta semana. Por certo, avaliou que a encenação da qual acabara de participar fora bem sucedida.

A falta de espontaneidade nas provocações artificiais que fez à entrevistada, porém, chegou a ser constrangedora, em sua tentativa escancarada de mostrar que não bateu boca ou interrompeu somente Dilma Rousseff, a entrevistada de segunda-feira.

A principal questão apresentada a Marina, que consumiu parte tão expressiva da entrevista que Bonner teve que lhe aumentar o tempo da resposta, cumpriu o que foi previsto neste blog no post anterior: serviu apenas para o JN continuar acusando o PT.

Bonner acha que o seu espectador é o “Homer Simpson”, um idiota incapaz notar o que estava acontecendo quando o entrevistador simulou crítica a Marina por não ter sido suficientemente crítica ao seu ex-partido durante o escândalo do mensalão.

A parte masculina do “Casal Nacional” está perdendo a forma, em minha opinião. Duvido que grande parte da audiência não tenha se dado conta de que o PT fora acusado no dia anterior e de que, no dia seguinte, continuava sendo acusado.

Se a satisfação de Bonner com essa estratégia foi tão expressiva isso revela que continuará sendo usada, ainda que com alguma variação de forma que, no entanto, manterá o conteúdo.

Na edição do Jornal Nacional desta quarta-feira, portanto, Serra ouvirá perguntas que fatalmente lhe permitirão protagonizar o terceiro dia de acusações ininterruptas ao PT naquela peça de teatro de péssima qualidade, com seu péssimo elenco.

por Leda Ribeiro

Presidente do TSE diz que “Ficha Limpa” não é punição, mas avanço

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, negou nesta terça-feira que a Lei da “Ficha Limpa” seja uma punição a candidatos. Ela apenas estabelece requisitos a serem atendidos pelos que pretendem disputar o voto do eleitor. A legislação sancionada em junho deste ano estabelece uma série de condutas passíveis de levar candidatos à inelegibilidade. “A Lei da Ficha Limpa não traz nenhuma sanção. Ela simplesmente estabelece as condições que o candidato deve ter no momento do registro de sua candidatura. Quando nós formos fazer uma compra a crédito, se tivermos nosso nome no serviço de proteção ao crédito também não podemos comprar, até regularizar a situação”, comparou Lewandowski.

O ministro também afastou a ideia de que a lei tenha sido aprovada de forma “açodada”, lembrando que ela é fruto de iniciativa popular, foi discutida por deputados e senadores e pela assessoria da Presidência da República antes de ser sancionada. Também passou pelo crivo dos ministros do TSE que decidiram que a nova regra poderia ser aplicada já para o pleito deste ano. “Um ou outro ponto poderá ser discutido, questionado e até derrubado no Supremo Tribunal Federal. Mas eu espero que não”, disse, sobre as contestações por parte de candidatos enquadrados nas situações previstas na Ficha Limpa.

Para Lewandowski, “qualquer que seja o resultado” da nova lei, ela “representou um avanço na moralização dos costumes políticos” “A Ficha Limpa já causou uma revolução na sociedade. Hoje, todo eleitor quer saber quais os antecedentes de seu candidato. A lei também levou os próprios partidos a fazer uma seleção melhor dos seus candidatos”, avaliou. O professor Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília, previu algumas “lacunas” na aplicação da lei este ano, o que, em sua opinião, “não trai o aspecto positivo” da Ficha Limpa. Para ele, a maior preocupação é levar a aplicação da lei para pequenos municípios, “onde a compra de votos é prática comum”.

O presidente do TSE e o professor da UnB participaram hoje do lançamento da campanha Eleições Limpas, realizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em parceria com o Tribunal. O ponto alto da campanha deste ano será o Dia Nacional das Audiências Públicas, marcado para 3 de setembro. Nesta data, juízes eleitorais promoverão encontros com a comunidade em diversas partes do Brasil.”

do Portal Terra

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Tucanos no palanque de Cid

Participaram da carreata e do comício do Governador Cid Gomes na cidade de Varzea Alegre os Prefeitos, Dorival de Oliveira de Altaneira, Evanderto Almeida de Assaré e Afonso Sampaio de Nova Olinda, todos do PSDB, partido do candidato a Governador Marcos Cals e do Senador Tasso Jereissati.

Segundo informações colhidas no evento os três tucanos foram liberados a votar em Cid desde que mantenham seu apoio ao Senador Tasso, no entanto, todos os oradores pediam votos pra Dilma, Eunicio e Pimentel, vinculando, assim, todos no palanque aos candidatos de Lula.

O direito de resposta do PT que a revista Veja teve que engolir

Por ordem da Justiça Eleitoral, a revista Veja foi obrigada a ceder uma página inteira de sua edição para publicar o direito de resposta do PT (Partido dos Trabalhadores):

O texto do direito de resposta acima é o seguinte:

Ao reproduzir declarações de candidato a vice-presidente, a revista endossa e amplifica ofensas ao PT que foram objeto de sanção da Justiça Eleitoral ao PSDB.

Em defesa de sua honra, de seus dirigentes, filiados e militantes, e em respeito à população brasileira, que tem o direito de ser corretamente informada, o Partido dos Trabalhadores vem desfazer inverdades publicadas pela revista Veja, na Edição 2.175.

O PT é um partido político democrático, registrado desde 1980 no Tribunal Superior Eleitoral, que defende a Constituição e cumpe rigorosamente a lei.

O PT condena o terrorismo, repudia a violência, pratica e defende a via democrática para a solução de conflitos.

As relações do PT com partidos políticos de diversos outros países são pautadas pela busca da cooperação entre os povos e pela construção da paz mundial.

O repúdio ao narcotráfico, que corrói a juventude, atemoriza a população e corrompe a sociedade, é parte constitutiva do ideáiro e da prática do PT desde a fundação do partido.

O PT combate com firmeza o narcotráfico e o crime organizado, por meio de sua representação no Poder Legislativo, de suas administrações municipais, estaduais e, especialmente, na Presidência da República.

Ao longo de sua existência, o PT demonstrou que não transige com o crime nem se relaciona com o narcotráfico. Afirmar o contrário, como fez a revista Veja, é transigir com a verdade.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Por que Serra perdeu o debate na Band

Por Vinicius Wu

Debate entre candidatos não é tourada. Não cai um boi morto no chão ao final. É sempre difícil avaliar o resultado de um debate. Cada lado sai em defesa de seu candidato e a repercussão na mídia é disputada nos dias posteriores. Mas há sim uma questão relevante a ser considerada. Trata-se do papel que o debate ocupa na estratégia de um determinado candidato. Serra apostou, sim, nos debates na TV. Era sua “cartada” decisiva contra uma candidata “inexperiente”. Se considerarmos este fato, podemos sim afirmar que Serra foi quem mais perdeu com o debate.

Como se insere na estratégia de Dilma os debates na TV? Bem, não é preciso muito esforço para percebermos que os debates não estão no centro de sua estratégia. Explorar o sucesso dos dois governos Lula, ressaltar o papel que Dilma desempenhou na gestão das principais políticas de governo etc. tem um peso muito mais destacado no conceito de sua campanha, evidentemente. Para Dilma, bastava ir ao debate e “empatar” o jogo. Ainda mais agora, após a divulgação da pesquisa CNT/Sensus, onde a candidata aparece com dez pontos de vantagem sobre Serra.

Serra, pelo contrário, desde o início, apostou nos debates. Não sou eu quem está afirmando isto. Basta olharmos as dezenas de artigos dos colunistas simpáticos ao PSDB nos últimos meses. Basta revisitarmos as inúmeras declarações dos dirigentes da campanha tucana e do próprio serra. Criaram uma enorme expectativa em torno da esperança de verem Serra surrar Dilma nos debates. Definitivamente, não foi isto o que ocorreu.

Dilma estava nervosa? Bom, tirando o Plínio, todos estavam nervosos nos primeiros blocos. Dilma poderia ter se saído melhor? Certamente, até pela qualidade que possui. Mas a vitoria acachapante de Serra não veio e o problema é que ela estava no centro de sua estratégia.

E ainda tinha semifinal da Libertadores no meio do caminho…

O eleitorado brasileiro amadureceu o suficiente para não definir seu voto – e seu futuro – baseado em truques de debate ou produção de TV. Debates e programas de TV são importantes, certamente. Mas não parece que as próximas eleições serão decididas por nenhuma estratégia de marketing. O povo brasileiro vai julgar não apenas os últimos oito anos. Julgará os últimos dezesseis e lançará uma aposta para os próximos oito.

Serra errou muitas vezes até aqui em sua campanha. Errou novamente ao anunciar, antecipadamente, sua vitória “acachapante” nos debates da TV. Ao confiar tanto em sua performance e experiência em eleições, Serra abriu espaço para a frustração de seus correligionários diante do resultado do debate.

Não foi o debate propriamente o que definiu a derrota de Serra ontem. Foi a orientação estratégica de sua campanha, que criou tanta expectativa em torno de sua suposta “superioridade” nos debates.

Foto: Roberto Stuckert Filho

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Genérico: Serra confessa que mentiu. Só falta o diploma.


O Vi o Ceará reproduz importante post do blog ‘Os Amigos do Presidente Lula’:

Desmascarado pela blogosfera, Serra admite que mentiu: “Não fui eu quem inventei genérico e não implementei o programa de combate à AIDS”, diz Serra

- Serra nega ‘paternidade’ dos genéricos e diz apenas ter implantado a ideia.

- “Não fui eu quem inventei genérico. Os genéricos, já existia. Eu nem sabia quando eu assumi o Ministério [da Saúde], afirmou.

- Além de negar a paternidade dos genéricos, Serra disse que também NÃO implementou no Ministério da Saúde o programa de combate à AIDS.

Em meio à polêmica sobre a paternidade dos medicamentos genéricos no país, o candidato José Serra (PSDB) admitiu nesta terça-feira que não “inventou” esse tipo de remédio. O tucano disse que a ideia já existia e apenas trabalhou para colocá-la em prática enquanto esteve no comando do Ministério da Saúde.

“Não fui eu quem inventei genérico. Os genéricos, já existia a ideia. Eu nem sabia quando eu assumi o Ministério [da Saúde]“, afirmou.

Serra disse que o ex-deputado Ronaldo Cezar Coelho (PSDB) lhe falou sobre os remédios genéricos, por isso decidiu trabalhar pela sua implementação. O tucano afirmou que, como o projeto em discussão sobre a quebra de patentes dos medicamentos tinha falhas, fez alterações para garantir o atual modelo de produção dos remédios genéricos.

O PSDB chegou a colocar em seu site na internet texto no qual sustentou que o candidato apresentou a “Lei dos Genéricos”, e destacou a promessa do partido de “turbinar” esse tipo de medicamento.

A reação tucana veio depois que a candidata Dilma Rousseff (PT) reivindicou a paternidade dos genéricos para o ex-ministro do governo Itamar Franco, Jamil Haddad – já que o tema era uma das principais bandeiras da campanha de Serra.

Além de negar a paternidade dos genéricos, o candidato disse que também não implementou no Ministério da Saúde o programa de combate à AIDS, em vigor no país. “Eu toquei o programa da Aids para acontecer na prática, mas não foi ideia minha.”

Em discurso para aliados políticos no Tocantins, Serra partiu para o ataque contra Dilma. O candidato acusou a petista de promover “mentiras, insultos e truques” na campanha para fugir do debate, sem citá-la nominalmente. O tucano disse que “cabos eleitorais petistas” espalharam o boato de que privatizaria a Ceagespe (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) caso eleito, ideia que ele diz nunca ter passado pela sua cabeça.

“É tudo cabo eleitoral, não é gente que entende de abastecimento. Quem vai perder o emprego é esse pessoal, que está lá por nomeação política e não entende nada do assunto”, disse.

O candidato afirmou que soube dos boatos na Ceagespe por intermédio do seu tio, que trabalha na empresa. “A filha dele me mandou e-mail dizendo que foram lá dizer que eu vou privatizar a Ceagespe. Está todo mundo apavorado, nunca tive essa ideia. Até porque já é privatizada. Só a administração é publica.”

Serra afirmou que a estratégia faz parte da “espionagem” que seus adversários fazem em meio à campanha eleitoral. O tucano mencionou o caso da quebra do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, que teve os dados do seu Imposto de Renda violados pela Receita Federal. “Tem um jogo aí e não se debate ideias”

Serra também alfinetou o senador Aloizio Mercadante (PT), que disputou com o tucano o governo de São Paulo nas eleições de 2006. “Estou na minha nona campanha. Perdi três [eleições], ganhei cinco. A última para o governo de São Paulo ganhei com o pé nas costas, em primeiro turno, com um candidato fraco, sem credibilidade. O sonho de qualquer candidato.”

Mercadante disputa novamente este ano o governo de São Paulo com Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador do Estado.

O tucano discursou para cerca de duas mil pessoas na noite desta terça-feira, em evento político organizado pela senadora Kátia Abreu (DEM), em Palmas. A democrata convidou aliados políticos, prefeitos da região e correligionários do ex-governador Siqueira Campos (PSDB) para ouvir as propostas de Serra em sua campanha. Campos é candidato ao governo do Estado.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

PESQUISA IBOPE: Cid Gomes hoje seria reeleito

Se as eleições para governador do Estado do Ceará fossem realizadas hoje o governador Cid Gomes (PSB) já estaria eleito. Segundo o Ibope, Cid Gomes tem hoje 49% das intenções de votos contra 36% de todos os outros seis candidatos juntos. A primeira pesquisa sobre as eleições estaduais feitas para o Sistema Verdes Mares, publicada ontem pela TV Verdes Mares, foi realizada entre os dias 30 de julho e primeiro de agosto últimos, com um total de 1204 eleitores, registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número 40508/2010.

Os eleitores também se manifestaram sobre a disputa das duas vagas para o Senado Federal. Segundo os dados, o senador Tasso Jereissati (PSDB), candidato à reeleição tem a preferência de 63% dos cearenses contra 27% do deputado federal Eunício Oliveira (PMDB) e 25% do deputado federal José Pimentel (PT).

O eleitor pode votar, este ano, em dois candidatos ao Senado, visto que a renovação daquela Casa do Congresso Nacional será de dois terços da sua composição de 81 senadores. Cada Estado brasileiro é representado por três senadores e nas eleições de 2010 serão eleitos apenas dois.

Amostragem

Segundo o relatório feito pelo Ibope, o objetivo da pesquisa foi levantar um conjunto de informações sobre o clima de opinião referente a temas relacionados ao cenário eleitoral junto aos eleitores do Ceará. Os eleitores ouvidos são maiores de 16 anos e o modelo de amostragem utilizado é o de conglomerados em três estágios.

No primeiro estágio os municípios são selecionados probabilisticamente através do método Probabilidade Proporcional ao Tamanho sistemático, com base na população de 16 anos ou mais de cada Município.

No segundo estágio são selecionados os conglomerados: setores censitários, com Probabilidade Proporcional ao Tamanho sistemático. A medida de tamanho é a população de 16 anos ou mais residente nos setores.

Finalmente, no terceiro estágio é selecionado em cada conglomerado um número fixo de eleitores segundo cotas de variáveis que inclui sexo, masculino e feminino, grupos de idades, de instrução e atividade.

O intervalo de confiança das 1204 entrevistas é estimado em 95% e a margem de erro máximo estimado é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. As entrevistas foram realizadas por uma equipe de entrevistadores contratados pelo Ibope, devidamente treinada para abordagem deste tipo de público.

Houve filtragem em todos os questionários após a realização das entrevistas e fiscalização em aproximadamente 20% dos questionários aplicados em Fortaleza, na periferia e nas regiões Norte, Noroeste, Sertões/Jaguaribe, Centro Sul e Sul.

Perfil

Os 1204 eleitores foram divididos entre 640 do sexo feminino e 564 masculino reunidos em grupos de idade entre 16 e 24 anos, 25 a 29 anos, 30 a 39 anos, de 40 a 49 anos e de mais de 50 anos, com escolaridades até a 4ª série do ensino fundamental, de 5ª a 8ª série do ensino fundamental do ensino médio e ensino superior. Foram feitas 364 entrevistas em Fortaleza, 154 na periferia, 140 na Região Norte, 168 na Noroeste, 210 na abrangência dos sertões/Jaguaribe e 168 no Centro Sul.

Na pesquisa espontânea, aquela que o entrevistador não dá nomes de candidatos e pergunta em quem o eleitor vota, o candidato Cid Gomes é apontado por 28% dos entrevistados, ficando Lúcio Alcântara em segundo lugar com 9% das citações e Marcos Cals em terceiro com 5%. Os outros candidatos não conseguiram sequer um ponto percentual .

Uma das indagações feitas aos eleitores entrevistados foi a de qual o candidato a governador que eles não votariam de "jeito nenhum". Os candidatos Cid Gomes e Lúcio Alcântara estão empatados com 23% cada um, seguido de Gonzaga e Soraya Tupinambá com 13%, Marcos Cals e Nati com 12% e Marcelo Silva com 11%. Um total de 8% do eleitorado poderia votar em qualquer um candidato.

Os eleitores ainda responderam a uma pergunta sobre quem será o próximo governador do Ceará. 56% dos entrevistados disseram que será Cid Gomes, 17% responderam que seria Lúcio Alcântara, 6% responderam Marcos Cals e um por cento citou o nome de Gonzaga e de Marcelo Silva. Os demais candidatos ao Governo do Estado ficaram com zero.

SENADORES
Tasso Jereissati está na liderança

No dia 3 de outubro o eleitorado cearense também elegerá dois senadores. Na pesquisa para o Governo do Estado, os eleitores foram indagados sobre suas preferências pelos candidatos que estão disputando as vagas de senador pelo Estado.

Pelos números alcançados, o senador Tasso Jereissati (PSDB)tem a simpatia de 63% das preferências , seguido do candidato, deputado federal Eunício Oliveira (PMDB) com 27% e do candidato, deputado federal José Pimentel (PT) com 25%.

28% dos entrevistados citaram apenas o nome de um candidato, enquanto o número de indecisos ficou no percentual de 26%. Há um total de 10 candidatos disputando as duas vagas de senador pelo Ceará.

Segundo os percentuais da pesquisa, Alexandre Pereira conseguiu somar 3%, Benedito Oliveira 2%, Marilene Torres 3%, Polo 1%, Raquel Dias 4%, Reginaldo 2% e Tarcísio Leitão 6% .

O perfil dos entrevistados é o mesmo daqueles que foram ouvidos sobre a eleição de governador, assim como a distribuição do eleitorado pelos diversos pontos do Estado. Pelas observações feitas, dos que preferem Tasso Jereissati, 65% votam em Cid Gomes, da principal coligação opositora de Tasso, 74% votam em Lúcio Alcântara, de outra coligação e 72% são eleitores de Marcos Cals, candidato a governador indicado pelo próprio Tasso Jereissati.

Já em relação aos eleitores do candidato Eunício Oliveira, diz a pesquisa que 33% deles votam em Cid Gomes, da mesma coligação, 23% preferem Lúcio, de uma chapa adversária e 36% são eleitores de Marcos Cals. Quanto a Pimentel, dos que o preferem 30% votam em Cid Gomes, da mesma corrente, 25% são eleitores de Lúcio Alcântara, de coligação adversária e 26% têm preferência pelo tucano Marcos Cals, outra coligação oposicionista.

Com informações do Diário do Nordeste